Questão de paixão, não anda, não freia e não faz curvas: isso é o que mais se houve sobre uma motocicleta norte-americana. Mas não é verdade: rodar com a Sportster é um prazer indescritível.
As motocicletas norte-americanas sempre tiveram fama de duronas, devido à sua construção espartana e a um comportamento dinâmico pouco favorável. Muitas vibrações, motor difícil de subir de giro e ciclística antiquada sempre foram seus atributos, inclusive com freios e suspensão nem sempre à altura. Enfim, uma lista de críticas sempre associadas as motocicletas norte-americanas. Mas a verdade é que, mesmo com algumas dessas características realmente ocorrendo, pilotar uma motocicleta norte-americana oferece sensações que, depois de experimentadas, são difíceis de descrever.
O motor é uma das mais marcantes características dessas motos. Ele é antiquado, mas principalmente devido à vontade dos amantes da marca do que por outro motivo: estes não comprariam uma motocicleta norte-americana com motor refrigerado a água, cabeçote de quatro ou cinco válvulas ou outra inovação muito comum a qualquer outro modelo.
O legendário V2 é um motor muito simples, sem qualquer característica mecânica notável, a não ser a sensação de poder que emana. O torque de 6,2 Kgm pode não parecer muita coisa, mas o fato de surgir a apenas 2500 rpm já diz tudo. As respostas em baixos regimes é total, não sendo, no entanto, aconselhável levar a rotação além de seu baixo limite, sob o risco de verem flutuar as válvulas.
O câmbio duro e lento não é o mais adequado a troca de marcha muito constante, mas o grande lance é aproveitar todo o torque que as baixas rotações oferecem. Não adianta buscar potência em rotações mais elevadas, mesmo porque elas não existem. Anda pouco? Não é o caso. Ela não tem o desempenho de uma 900 cm3 japonesa, mas , olha,... esta motocicleta norte-americana Sportster chegou bem perto dos 180 Km/h.
Não é esse o encanto de uma motocicleta norte-americana. Além de aura mágica da marca, o visual conta muito. Há quem despreze totalmente qualquer superesportiva parada ao seu lado, para admirar a profusão de cromados que a motocicletas norte-americanas apresenta.
A convivência com uma moto desta marca é recheada de novas experiências. Para quem esteja habituado a suaves e descaracterizadas motocicletas japonesas, torna-se complicado o primeiro contato com uma motocicletas norte-americanas. É necessário apagar tudo o que se conhece de pilotagem de motos, e se preparar para novos conhecimentos.
A rudeza está presente em quase todos os comandos, o que faz parte do charme das motocicletas norte-americanas. Os punhos são bastante grosseiros e com manetes brutais. Acionar qualquer um deles, freio ou embreagem, requer mentalização e localização da força nas mãos.. O câmbio é duro e o trambulador tem um curso muito grande, obrigando a um movimento extra do pé esquerdo, juntamente com a perna.
Frenagem é um dos capítulos onde se deve reaprender muita coisa. Ao contrário de uma moto comum, o freio traseiro da motocicleta norte-americana serve mesmo para frear, não apenas para complementar a ação do dianteiro. O pedal é duro e o ato de frear tem que ser longamente pensado e iniciado bastante antes, ajudando sempre com o potente efeito do freio-motor.
Mas mesmo com todos esses atributos, a Sportster mostrou-se surpreendentemente eficaz em curvas, logicamente tomando como base este tipo de motocicletas. Não há grandes deficiências nesse ponto, e em curvas ela se mantém sem problemas em boa velocidade e inclinação. O grau de inclinação é um dos dados curiosos que contam na ficha técnica da Sportster: 40º para a direita e apenas 36° para a esquerda. muito cuidado, então deve ser tomado em curvas, pensando sempre que pode-se ficar mais a vontade justamente virando para o lado que existe o escapamento. É, esses americanos são mesmo estranhos....
Mais estranho ainda é encontrar na motocicleta norte-americana inovações que algumas sofisticadas motos sempre se orgulharam de ter. Um deles é o velocímetro espetado no meio do guidão: um moderno equipamento eletrônico. O sistema de comando dos piscas é outra surpresa. um botão de cada lado do guidão pode ser comandado através dos polegares, o esquerdo para virar a esquerda e o direito para virar a direita. Simples e instintivo. Para desligar basta apertar novamente o botão, e se isso for esquecido, não faz mal, pois eles desligam-se automaticamente depois de alguns segundos. Seria muita modernidade?